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terça-feira, 26 de julho de 2016

Sérgio Louro

Numa publicação questionei qual dos gráficos preferiam.
Em primeiro lugar devo referir que os dois gráficos são meus, o gráfico 1 de um dos dias em que fiz o jejum glicémico ( explicarei de que se trata e como fazer noutra publicação, mas sucintamente, é um dia sem consumo de hidratos de carbono relevantes), o gráfico 2 é um dia normal em que faço as refeições que faço normalmente, e neste caso específico, em que acertei na contagem dos hidratos de carbono.
A grande questão que se debate nos tempos de hoje é de qual a melhor alimentação, qual a melhor regra, qual a mais saudável. Parece-me que nem é bem mais saudável, mas de qual nos faz menos mal.
E sendo eu diabético tipo 1, ainda há mais fatores a ter em conta, nomeadamente o controlo da glicose.
Vejamos algumas considerações:
De acordo com o IPO de Lisboa(1), o total da energia de que necessitamos deve ser fornecida por: Hidratos de carbono: 50% a 55%; Lípidos: 25% a 30%; Proteínas: 15% a 20%.
Também, de acordo com a DGS – Direção Geral de Saúde (2) - a roda dos alimentos inclui hidratos de carbono, sendo mesmo a parcela dos cereais e derivados aquela que predomina em porções diárias, parcela esta onde se encontram os alimentos com mais hidratos de carbono.
O Conselho Europeu de Informação Alimentar refere que “Consumir uma grande variedade de alimentos ricos em hidratos de carbono é uma das recomendações da alimentação de todos os diabéticos, e a inclusão de alimentos de baixo índice glicémico é benéfico porque ajuda a regular e controlar a glicose no sangue. “ E ainda que: “Devem ser promovidos e reconhecidos os muitos benefícios para a saúde de uma alimentação rica em hidratos de carbono. Os hidratos de carbono são a principal fonte de energia do organismo.“
As novas orientações americanas para a alimentação (3), propõem a ingestão diária de, pelo menos, 130 g de hidratos de carbono.
A IDF-Federação Internacional da Diabetes (4) - apresenta um documento acerca deste debate. Neste documento são apresentadas duas opiniões, uma de quem defende uma alimentação com poucos hidratos de carbono e outra contrária.
Constata-se que, pelo menos no que analisei, ninguém prevê um corte total dos hidratos de carbono, mas antes uma redução, e por redução entenda-se, ingerir poucos – pela minha análise é entre 30 e 100g, ou ingerir a dose que se recomenda-100g ou mais.
Alguns pontos que me parecem importantes a considerar são:
1) Alguns tecidos dependem quase completamente de glicose como fonte de energia: cérebro, sistema nervoso, eritrócitos, testículos, medula renal e tecidos embriónicos. Só o cérebro requer cerca de 120g de glicose por dia, mais de metade de toda a glicose armazenada como glicogénio em músculos e fígado.
2) Quando a concentração de glicose vinda da alimentação diminui, o glicogénio hepático e muscular é degradado para que a glicemia volte a valores normais.
3) Como nem sempre o suprimento do glicogénio desses “reservatórios” é suficiente, os organismos necessitam de um método para sintetizar a glicose, o que é feito pela gliconeogénese.
4) Quando a glicogénese é ativada o fígado liberta glicose. Esta glicose é controlada pela insulina basal e em pequenas doses. A maioria das pessoas não consegue gerir este processo.
No meu caso que pratico desporto torna-se muito complicado, provavelmente impossível, adotar este tipo de alimentação pois a recuperação muscular é feita com base na glicose e se não ingerir carbonos tal não irá acontecer.
Mesmo que não praticasse desporto a um nível intenso, não me vejo a adotar este tipo de alimentação pois dou muita importância aos hidratos de carbono.
Entendo quem adote este tipo de alimentação pois no que se refere ao controlo de glicemia é tudo mais fácil. Estando a insulina lenta bem “calibrada”, a não ingestão, ou a ingestão em cada refeição de uma pequena quantidade de hidratos torna muito mais fácil a sua contagem, permitindo até que não seja utilizada insulina rápida. Como se verifica no meu gráfico 1, em que a insulina que dei neste dia foi apenas a lenta sem necessidade de rápida. E ingeri no máximo 16g de hidratos divididos por umas 8 vezes. Se ingerisse 5g de cada vez e o fizesse 6 vezes (pequeno-almoço, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar, lanche antes de deitar) ingeria 30g e não daria insulina rápida, provavelmente teria apenas de elevar a minha insulina lenta em 1 dose para manter os níveis estáveis durante o dia.
Assim sendo eu sou mais GRÁFICO 2. 
Gostaria de ser sempre assim, mas nem sempre acontece, a contagem de hidratos não é um método totalmente exato, pois a maioria das vezes é feita a “olho”, por palpites, e erros acontecem.

Para terminar, faço das palavras da ADA (5) (Associação Diabética Americana), as minhas:
“Então que deves fazer se tiveres diabetes e quiseres comer de modo saudável?
Primeiro, que o que serve pra uma pessoa pode não servir para outra e vice-versa. Podes ter de experimentar um pouco para verificar de que forma os diferentes tipos de alimentação afetam os teus níveis de glucose.”

Nesta pesquisa encontrei ainda um site interessante:
http://www.diabetes.org/mfa-recipes

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