Há quem considere que apenas os hidratos de carbono alteram
a glicose no sangue, mas não é bem assim.
Quem considera isto, que ingira apenas proteína, numa
quantidade considerável, por exemplo umas 20g (há umas barras proteicas somente
com proteína) e vá testando os valores da glicemia, principalmente passadas 2h
após a ingestão, até 4h.
Em relação aos lípidos penso que a maior parte dos
diabéticos sabe que afetam os valores, como por exemplo, os fritos, as pizzas,
os fast foods,…
A questão que me coloquei foi de que forma posso ter
controlo sobre estes “alimentos”, dado que as proteínas só se transformam em
glicose passadas 3-4h após a refeição e os lípidos, 4-8h após a refeição. Como
posso garantir alguma estabilidade da glicemia sem saber como afetam o meu
organismo?
Após pesquisar, decidi testar algumas coisas, só assim:
Testando, Errando, Corrigindo, Testando, Errando, Corrigindo,… até ao momento
em que entendo como atuar posso ter alguma garantia (nesta doença nunca teremos
todas as garantias, mas vá pode ser que resulte :-)) de que de cada vez que
decido, por exemplo, ir ao Mac Donald’s, não vou estar completamente
descontrolado.
Pelas minhas pesquisas percebi que cada pessoa pode ter uma
forma diferente de atuar, o que não é novidade, pois cada pessoa com DT1 é
única.
A maior parte das informações que se encontram na net são
relativas à utilização de bombas, mas quem não tem, como eu, pode utilizar o
método desde que vá administrando insulina ao longo de um determinado tempo.
Alguns DT1 administram metade do bólus de insulina quando
iniciam uma refeição com muitos lípidos e a outra metade passadas 2 horas,
outros dividem a dose, mas em percentagens diferentes de metade-metade, por
exemplo 70%-30%.
Outros administram o bólus normal e passadas as 2h administram
a dose correspondente a metade do valor das proteínas e um décimo dos lípidos.
Existe ainda uma fórmula (algoritmo) que foi desenvolvido pelo
Departamento de Pediatria da Universidade Médica de Varsóvia.
Os cálculos do mesmo são complicados e levam o seu tempo a
ser feitos, de modo que não os vou colocar aqui, até porque existe uma
ferramenta que faz os cálculos por nós.
Explicarei apenas alguns pontos chave do
estudo:
- · Refeições que contenham proteínas e/ou lípidos devem também ser cobertas por insulina
- O tempo da digestão depende do tipo dos alimentos, por exemplo, refeições ricas em lípidos são absorvidas mais lentamente
- A dose de insulina para os hidratos de carbono deve ser dada normalmente e a dose das proteínas e/ou lípidos deve ser dada ao longo de x tempo (square wave)
- O tempo ao longo do qual se vai dando a dose de insulina para “cobrir” as proteínas e/ou lípidos tem em conta a quantidade de proteínas e/ou lípidos existentes na refeição. Para terem uma ideia, a quantidade é convertida em calorias e se o valor estiver entre 100 e 200 a dose deve ser extendida 3h, se estiver entre 200 e 300, 4 h ,..
- Mas apenas haverá lugar a extender a dose de insulina para as proteínas e/ou lípidos consoante a quantidade de hidratos de carbono da refeição.
Complicado?
Concordo.
Mas a
fórmula encontra-se disponível de forma automática na aplicação Diabetes:M que
irei explicar em breve.
Apesar de
utilizar a aplicação, GRATUITA, a utilização da opção Bólus Extendido não a
aplico ainda, pois como já referi, considero que o efeito das proteínas e/ou
lípidos pode ser diferente em cada um de nós.
Como nas
refeições que faço a quantidade de lípidos (estes são os que considero que
alteram mais os valores) não é muito exagerada, prefiro entender como agir
quando vou por exemplo ao Mac Donald’s, comer pizza,…
E para tal,
vou testando e corrigindo.
Da última
vez que fui ao Mac Donald’s, dei a dose extendida, isto é dei a dose normal de
insulina para cobrir os hidratos de carbono e passada 1h30m dei mais 1 dose,
consegui não passar dos 150, mas 3h após estava com 163, pelo que deveria ter
dado 1 dose e meia. Da próxima vez é o que farei.
Com pizza
também já consigo ter valores melhores, mas a pizza é quase sempre ingerida ao
jantar, e o efeito é mais prolongado, nomeadamente durante a madrugada e posso
dizer que os valores sobem e muito.
Mas eu chego
lá, deixar de comer, algumas vezes, este tipo de comidas é que não faço.
Sou
diabético e morrerei diabético, mas não abdico de certas coisas pela diabetes.
Obviamente
não exagero no que mais mal faz.